Como saber se você está viciado em apostas

Por Sibila Mozer

Apostas Online: Os Danos Psíquicos e Caminhos para o Tratamento


Nos últimos anos, o acesso fácil e constante a casas de apostas online tem transformado o hábito de apostar em uma prática rotineira — e, em muitos casos, perigosa. Mas como saber se você passou do ponto? Como diferenciar lazer de um vício que compromete sua saúde mental, relações e finanças?

Sinais de vício:

Veja alguns indícios de que o comportamento com apostas pode estar fora de controle:

  • Você pensa em apostar com frequência, mesmo fora do horário dos jogos;
  • Já mentiu para familiares ou amigos sobre quanto tempo ou dinheiro gasta com apostas;
  • Sente ansiedade ou irritação quando não consegue apostar;
  • Usa o jogo para aliviar tristeza, tédio ou frustração;
  • Aposta mais do que deveria, mesmo quando já está em dificuldades financeiras;
  • Já tentou parar, mas não conseguiu;
  • Sente culpa depois de apostar — e mesmo assim repete o comportamento.

Se você se identificou com dois ou mais desses pontos, é importante refletir: as apostas ainda são um passatempo ou se tornaram uma prisão silenciosa?


A divulgação massiva de casas de apostas invadiu as telas, os estádios e até os perfis de influenciadores digitais. Com promessas de ganhos rápidos e fáceis, essas plataformas muitas vezes disfarçam riscos sérios à saúde mental — principalmente quando o entretenimento se transforma em vício.

O que está por trás do glamour das apostas?

A propaganda das casas de apostas costuma ser sedutora: mostra jovens felizes, vitórias empolgantes e a ilusão de que com um clique, a vida pode mudar. No entanto, pouco se fala sobre os impactos negativos — especialmente quando o hábito de apostar se torna compulsivo.

O vício em jogos de aposta, também conhecido como jogo patológico ou ludomania, pode gerar sérias consequências emocionais, sociais e financeiras. O ciclo é traiçoeiro: a pessoa aposta, perde, sente culpa, tenta recuperar, aposta mais... e assim o comportamento vai se intensificando.

O que acontece na mente do viciado?

Do ponto de vista psíquico, o vício em jogos de azar pode ser compreendido como uma tentativa inconsciente de preencher vazios emocionais, lidar com angústias ou encontrar uma forma rápida (e ilusória) de satisfação.

A psicanálise e o tratamento do vício

Na psicanálise, o foco está em entender o que está por trás do comportamento compulsivo: que desejo inconsciente está em jogo? O que se repete nesse ciclo de perda e insistência? Ao longo do processo analítico, a pessoa é convidada a entrar em contato com suas próprias faltas, elaborar conflitos internos e construir novas formas de lidar com a frustração e o desejo.

Terapia comportamental: ressignificando hábitos

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz no tratamento do jogo patológico. Ela trabalha na identificação dos gatilhos que levam ao comportamento de apostar e na construção de estratégias para interromper esse ciclo. Técnicas como o controle de estímulos, reestruturação de pensamentos e planejamento de rotina são fundamentais nesse processo.

Grupos de apoio: compartilhando caminhos

Participar de grupos como Jogadores Anônimos (JA) oferece suporte emocional e acolhimento. O contato com outras pessoas que vivem a mesma luta ajuda a diminuir o sentimento de culpa, fortalece o comprometimento com o tratamento e estimula a criação de uma rede de apoio sólida.

O papel da família no tratamento

O vício em apostas raramente afeta apenas quem aposta. A família, frequentemente, é atingida por dívidas, mentiras, desgaste emocional e conflitos. Por isso, incluir os familiares no processo terapêutico é essencial.

A psicoeducação da família, sessões terapêuticas conjuntas e a construção de um ambiente de escuta — sem julgamentos, mas com limites — são passos importantes para a recuperação.

Conclusão: é possível sair do ciclo

Embora o vício em apostas seja um problema sério, há tratamento, há escuta e há caminhos possíveis de recuperação. O primeiro passo é sempre o mais difícil: reconhecer que há um problema. A partir daí, com apoio psicológico, psicanalítico e social, é possível reconstruir a relação consigo mesmo e com o mundo.

Se você ou alguém próximo está passando por isso, procure ajuda. O cuidado com a saúde mental começa com um gesto de coragem.

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